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A coragem de ser quem somos


“Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor.

O crédito pertence ao homem que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue; que luta bravamente; que erra, que decepciona, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na verdade, se empenha em seus feitos; que conhece o entusiasmo, as grandes paixões; que se entrega a uma causa digna; que, na melhor das hipóteses, conhece no final o triunfo da grande conquista e que, na pior, se fracassar, ao menos fracassa ousando grandemente.”

Trecho do discurso “Cidadania em um uma República” (ou “O Homem na Arena”), proferido na Sorbonne por Theodore Roosevelt, em 23 de abril de 1910.

O trecho desse discurso é a abertura para o livro A Coragem de Ser Imperfeito, de Brené Brown, pesquisadora americana que possui um maravilhoso trabalho sobre coragem e vulnerabilidade (assista ao vídeo sobre esse assunto apresentado no TED aqui).

Em seu livro, Brené trata sobre uma importante descoberta que ela fez em sua pesquisa em Ciências Sociais: pessoas que vivem mais plenamente são aquelas que assumem sua vulnerabilidade e possuem a capacidade de abraçar o mundo a partir da autovalorização e do merecimento.

Autovalorização e merecimento

Autovalorização e merecimento são, hoje em dia, artigos de luxo em uma sociedade que está sempre apontando para aquilo que nos falta para sermos plenamente felizes.

A verdade é que, mesmo quando conquistamos algo, ao invés de reconhecermos o que temos, olhamos para o vizinho e, se percebemos que a conquista dele é maior, imediatamente deixamos de nos sentir contentes. O mesmo ocorre em empresas, por exemplo, onde não medimos se recebemos bem ou não por nossas funções e desempenho, mas pelo o quanto um colega recebe e o trabalho que ele realiza. Podemos estar satisfeitos em um momento e no outro descobrir quanto a mais este mesmo colega ganha e imediatamente perdemos nossa motivação e nos sentimos desvalorizados.

Portanto, é impossível conquistarmos a autovalorização e o sentimento de merecimento comparando posses ou acreditando que existem pessoas com mais sorte do que outras no mundo. Muitas dessas pessoas que acreditamos ser mais sortudas são, na verdade, mais dispostas a se sentirem vulneráveis.

Vulnerabilidade


Se sentir vulnerável é se sentir “atacado, derrotado: frágil, prejudicado ou ofendido”.

Parece impossível que estar disposto a se sentir assim seja uma característica de pessoas que vivem mais plenamente. Temos a crença de que pessoas que conquistaram o que desejavam e que vivem de maneira extraordinária são aquelas que jamais precisariam passar por isso.

Não é isso que Brené Brown descobriu em sua pesquisa. As respostas que essas pessoas registraram para “Vulnerabilidade é _________” foram surpreendentes.

Veja algumas delas:

Vulnerabilidade é

- expressar uma opinião impopular.

- me defender e me impor.

- pedir ajuda.

- dizer “não”.

- começar meu próprio negócio.

- ser o primeiro a dizer “eu te amo” sem saber se a declaração será retribuída.

- mostrar alguma coisa que escrevi ou alguma obra artística que eu tenha criado.

- me apaixonar.

A partir do que foi escrito, a autora conclui: “Vulnerabilidade soa como verdade e é sinal de coragem. Verdade e coragem nem sempre são confortáveis, mas nunca são fraquezas”.

De queixo caído