A força do perdão

Há muito tempo eu escrevi esse texto sobre o perdão.
Perdoar tem sido um dos meus objetivos na minha jornada de transformação da minha vida.
Como Ho'oponopono Practitioner do Ho'oponopono há mais de dez anos eu sei (conscientemente) que culpar os outros pelo o que aconteceu comigo não é a forma de fazer isso.
Então, por onde começar?
Pensei que, obviamente, deveria começar por quem havia me feito algo que tivesse me aborrecido. E eu estava disposta a localizar na memória diversas dessas pessoas e perdoá-las - através da meditação do Ho'oponopono, rituais de perdão, enfim, de todas as formas que eu conhecia.
Meu objetivo era perdoar para, finalmente, me sentir bem.
Mas entrar em contato com muitas dessas memórias não me fazia nada bem. Todas as vezes que eu me lembrava de situações que haviam me deixado triste, com raiva, aborrecida ou deprimida eu voltava a me sentir exatamente da mesma forma.
E o perdão não vinha, muito pelo contrário! Quando eu finalmente me conscientizava de como estava pensando, eu já havia desejado mal à outra pessoa, xingado e permitido que minha vibração despencasse.
Descobertas
Fiz, então, uma importante descoberta que pode parecer muito óbvia para mim, hoje, mas que, na época "abriu os meus olhos": memórias podem ter uma força enorme sobre nós. Através delas não apenas recordamos o que aconteceu, mas voltamos a sentir os mesmos sentimentos, muitas vezes de forma potencializada.
Além disso, descobri que recordar não apenas fazia com que eu tivesse sentimentos de baixa vibração a quem me havia feito algo, mas também fazia com que eu me sentisse mal em relação a mim mesma. Eu pensava: "Ah, eu sou assim, eu sou desse outro jeito, é claro que isso ia acontecer comigo". Ou "isso sempre acontece comigo". Ou pior, "as pessoas sempre fazem isso comigo e vão continuar fazendo para sempre".
E aí fiz a minha mais importante descoberta.
Descobri que me lembrar de quem eu precisava perdoar e o que essas pessoas haviam feito fazia com que outras das minhas memórias fossem "liberadas". Memórias que não tinham nada a ver com o que havia acontecido, mas com a forma que eu havia me sentido e de como eu me percebia e valorizava a mim mesma.
Por fim, eu me sentia mal pelo o que haviam feito, mas me sentia péssima por eu ser como eu era - alguém que acreditava, mesmo que muito pouco, que havia "merecido" ter sido tratada como havia sido.
Cheguei à conclusão que relembrar o que as pessoas fizeram comigo não estava me ajudando a perdoá-las.
O perdão é a forma final do amor.
Rheinhold Niebuhr
Descobri que perdoar as pessoas que me haviam feito algum mal significava trabalhar o perdão em mim mesma.
E o processo era simples, mas difícil ao mesmo tempo, pois toda transformação exige persistência, confiança e dedicação e nem sempre estamos dispostos a nos dedicar mais do que duas semanas em algo que não nos dá um resultado imediato.
E o perdão não é um processo imediato.
Ao longo de uma década de busca, fiz esta e mais algumas descobertas sobre ele que gostaria de compartilhar com vocês:
1. O perdão não acontece de um dia para o outro.
Parece que já ouvimos isso antes, mas estamos sempre na expectativa de que o perdão aconteça automaticamente enquanto purificamos uma memória, por exemplo, mas descobri que não é bem assim que ele acontece.
Principalmente quando se trata de perdoar alguém com quem convivemos durante muito tempo, ou quando o que aconteceu foi muito forte, parece que sempre há algo a ser lembrado para ser perdoado e o processo pode demorar mais tempo do que gostaríamos.
Mas aprendi que o exercício da purificação é que deve ser automático. Isso significa que, quando alguma lembrança dolorosa retorna, automaticamente, eu uso alguma ferramenta do Ho'oponopono: repito as frases, digo Gota de Orvalho ou realizo uma respiração HA.
E faço isso repetidamente, sempre que a lembrança aparece.
2. O perdão é mais libertador do que eu imaginava.
Aprendi que as pessoas fazem as mais diversas coisas e o que elas fazem tem a ver com elas mesmas, e não comigo (ou com você). E a forma como eu me sentia com o que elas faziam tinha a ver também com minhas memórias e não apenas com o que essas pessoas haviam feito.
Portanto, perdoa-las tinha um significado muito maior, pois consistia em purificar uma memória antiga e começar a me sentir melhor não apenas com a pessoa que havia me feito algo, mas também comigo mesma.
Perdoar outras pessoas trouxe um resultado inesperado na minha vida: eu passei a me sentir mais confiante e mais segura em relação à pessoa que eu estava me transformando.
3. O perdão exige uma mudança na nossa forma de pensar .
Perdoar significa entender que todos nós somos merecedores do melhor, pois somos todos filhos de uma única Fonte.
Todos nós carregamos a centelha divina e podemos seguir um caminho de luz e amor. Quando não escolhemos esse caminho, vivenciamos situações que trazem sentimentos de baixa vibração: angústia, medo, raiva, inveja, ciúmes...
A lista é grande e muito facilmente entramos nela. E por isso mudar a nossa forma de pensar é essencial.