O Ho’oponopono e o meu peso – uma jornada de desafios, descobertas e muita purificação - Parte 2
- Letícia Vidigal
- 8 de jun.
- 3 min de leitura
Em 2020, no ano que parou todo o mundo devido à pandemia, eu morava em uma fazenda, entre duas cidades na África do Sul.
Minha casa não era excelente: ela tinha apenas um quarto bastante grande, onde eu dormia com os meus filhos, um banheiro, uma sala bastante espaçosa e uma cozinha pequena, com um fogão elétrico (em um país onde a energia é cortada por algumas horas em alguns dias do mês, essa é uma informação importante).
Não havia armários para guardarmos nossas coisas e todo material escolar, livros e cadernos ficava sobre as mesas, mas a vista...
Não apenas a vista, mas toda a área externa era sensacional. Tínhamos espaço para treinar rugby, para caminhar e, mais tarde, quando as lojas abriram e compramos uma bicicleta, espaço para ter aulas de mountain bike.
O mundo estava parado, mas eu e os meus filhos, caminhávamos ao redor da fazenda, andávamos de bicicleta e, assim que foi autorizado, fizemos safari, fomos à praia e visitamos as montanhas.
Voltar para o Brasil foi, então, um choque. Em dezembro de 2020 eu e os meninos voltamos para Belo Horizonte, para a nossa casa e para uma realidade completamente diferente.
Em BH as escolas ainda permaneceram fechadas em 2021 e voltamos para uma realidade onde não podíamos mais sair de casa.
Foi um ano em que me dediquei aos meus cursos e trabalhei bastante em casa. Mas paguei o preço de não sair mais de casa, de não andar mais de bicicleta ou fazer caminhadas ganhando mais 10 kg.
Além disso, eu sentia muito a falta da África.
Quando se ama a Natureza como eu amo, é difícil deixar para trás as paisagens africanas e uma cultura que incentiva e valoriza estar nessa Natureza. Existem parques, trilhas, passeios, montanhas, lugares maravilhosos que podem ser visitados, explorados e que nutrem a nossa Alma.

Eu percebo hoje que eu não estava preparada para voltar para a cidade grande, para o trânsito, para a distância que agora existia entre mim e o espaço aberto e as trilhas.
E o meu corpo se ressentiu dessa distância. Mais do que isso: meu corpo resistiu à mudança.
Desde que cheguei ao Brasil enfrentei vários desafios que se manifestaram em meu corpo: fiquei anêmica, retirei a vesícula, surgiu uma hérnia umbilical praticamente do nada e continuei ganhando peso.
Dr. Hew Len fala claramente em seu livro Limite Zero:
“O que nós, seres humanos, não temos consciência na nossa existência de momento a momento é de uma constante e incessante resistência à vida”, começou ele. “Essa resistência nos mantém em um constante e incessante estado de afastamento da nossa Identidade Própria, e da Liberdade, da Inspiração e, acima de tudo, do próprio Divino Criador. Em poucas palavras, somos pessoas deslocadas que vagamos sem rumo no deserto da nossa mente. Somos incapazes de prestar atenção ao preceito de Jesus Cristo: ‘Não Resistais.’ Não temos consciência de outro preceito: ‘A paz começa comigo.’”
A primeira vez que li esse livro foi há mais de 10 anos e ainda assim eu não conseguia deixar de resistir ao que vida me apresentava.
O corpo é, para o Ho'oponopono, a expressão da nossa Unihipili, nossa mente subconsciente. É ele que vai nos mostrar onde estamos resistindo ao que está se manifestando em nossas vidas através de sentimentos como a saudade, a mágoa, o medo e qualquer sentimento que esteja nos afastando da Paz. E ele nos mostra isso através da doença, da dor, dos distúrbios psicológicos e emocionais.
Escrever sobre o meu ganho de peso é falar sobre a minha resistência - não de voltar ao Brasil, mas de ter saído da África.
Portanto, o trabalho a ser feito é o de purificação da construção de uma crença de que lá é melhor do que aqui, já que é sobre essa resistência sobre a qual Dr. Hew Len fala: lá é melhor que aqui - pode representar qualquer coisa que gostaríamos de ter na nossa vida e não temos: outro emprego, outra família, outro marido, outra conta bancária, outro carro, outra vida, outra cidade, outro país.
Mas desejar algo diferente do que temos pode nos adoecer?
Não necessariamente. Desejar algo diferente do que temos, principalmente quando esse algo representa uma melhoria do que se tem, faz parte da natureza humana. Queremos melhorar, crescer, expandir nosso conhecimento, nossas conquistas e realizações.
O problema não está em desejar algo diferente do que temos, mas em resistir e ressentir ao que se tem agora.
Meu desafio não é não estar na África, mas me ressentir de estar onde estou agora.
E vou falar mais sobre isso em um próximo post.
E comente aqui: existe um lá na sua vida? Algo que você se ressente por não ser como você gostaria? Comente aqui para que possamos purificar essa energia!
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